Enquanto o mercado se distrai com ferramentas “mágicas” e soluções terceirizadas, profissionais de TI de verdade sabem: o controle absoluto vem de dentro. Neste artigo, você não vai encontrar listas de softwares milagrosos ou dependência de nuvens alheias. Aqui, falamos de princípios imutáveis, técnicas comprovadas e estratégias que funcionam com o que você já tem — porque TI resiliente não se compra, se constrói.
1. Monitoramento Total: Se Você Não Vê, Não Controla
O Princípio:
Monitoramento não é sobre ferramentas, é sobre filosofia. Se sua equipe só age quando o usuário reclama, você está sempre atrás do problema.
Como Implementar sem Depender de Terceiros:
- Logs Nativos: Use os logs do seu sistema operacional (Windows Event Viewer, syslog no Linux) para rastrear erros e padrões.
- Scripts Customizados: Desenvolva scripts em PowerShell ou Bash que coletem métricas críticas (CPU, memória, disco) e as armazenem em arquivos CSV ou bancos de dados locais.
- Alertas por E-mail/SMS: Configure tarefas agendadas para analisar logs e disparar alertas via comandos nativos (ex.:
Send-MailMessage
no PowerShell).
Exemplo Prático:
Um servidor de arquivos começa a ficar sem espaço. Em vez de depender de um SaaS caro, um script local verifica o disco a cada hora e envia um e-mail se o uso passar de 90%.
Ouro sobre Guarda:
- Crie um painel manual com dados essenciais (planilhas atualizadas via script + gráficos simples) para visualizar a saúde da infra.
2. Automação Feita na Unha: Nada se Perde, Tudo se Scripta
O Princípio:
Automação não é sobre licenças caras, é sobre eliminar trabalho repetitivo com código próprio.
Como Fazer sem Ferramentas Externas:
- Agendadores Nativos: Use o Cron (Linux) ou Agendador de Tarefas (Windows) para executar scripts de backup, limpeza ou deploy.
- Auto-Remediation: Scripts que detectam falhas (ex.: serviço parado) e as corrigem automaticamente (ex.: reiniciar o serviço via
systemctl
ousc
). - Deploy Caseiro: Crie um repositório interno (usando apenas FTP ou compartilhamento de rede) para distribuir atualizações via scripts.
Exemplo Real:
Ao invés de pagar por um RMM, um script diário verifica os patches críticos nos Windows Servers e instala apenas os aprovados pelo seu checklist interno.
Regra de Ouro:
- Documente cada automação em um arquivo TXT ou Wiki interno. Se não está documentado, é como se não existisse.
3. Backup à Prova de Balas: Seu Plano de Guerra
O Princípio:
Backup não é sobre cloud, é sobre redundância física e processos testados.
Estratégia Independente:
- A Regra 3-2-1 Adaptada:
- 3 cópias: 1 primária (em uso), 1 secundária (outro HD/NAS), 1 offline (HD externo guardado em local seguro).
- Nada de nuvem obrigatória: Se quiser usar cloud, que seja sua (um servidor em outra filial, por exemplo).
- Testes Mensais: Simule a recuperação de um arquivo crítico e um servidor inteiro todo mês.
- Rotação de Mídia: Se usa fitas ou HDs externos, rotacione-os semanalmente (ex.: levar o backup offline para outro prédio).
Cenário Crítico:
Um ransomware ataca? Sua cópia offline está intacta. O NAS secundário foi infectado? Você tem o HD externo de 3 dias atrás.
Segredo dos Mestres:
- Criptografe backups locais com ferramentas nativas (ex.: BitLocker, LUKS). Assim, mesmo se roubarem o HD, os dados estão protegidos.
4. Controle de Acessos: O Dono da Chave é Você
O Princípio:
Segurança não é sobre VPNs caras, é sobre saber exatamente quem faz o quê.
Implementação Autossuficiente:
- Active Directory (AD) ou LDAP: Se não tem, crie grupos de usuários locais em cada servidor (ex.: “Admins_DB”, “Usuários_Financeiro”).
- Política de Menor Privilégio:
- Ninguém é admin sem necessidade.
- Contas administrativas nunca são usadas para e-mail ou navegação.
- Autenticação de Dois Fatores (2FA) Caseiro:
- Scripts que exigem confirmação por e-mail/SMS antes de acessar servidores críticos (ex.: via código temporário).
Pior Cenário Evitado:
Um estagiário com acesso total ao servidor de ERP apaga uma tabela sem querer. Com grupos de acesso restritos, isso nunca aconteceria.
Dica Suprema:
- Crie um “manual do usuário” interno com regras claras (ex.: “Nunca compartilhe senhas, mesmo com o CEO”).
5. Documentação On-Premise: Se Não Está Escrito, É Lenda
O Princípio:
Documentação não é sobre Confluence, é sobre ter a resposta na ponta da língua (e do bloco de notas).
Como Fazer sem SaaS:
- Arquivos TXT ou HTML Locais: Uma pasta compartilhada na rede com:
- Diagramas de rede (feitos no Draw.io offline).
- Runbooks (ex.: “Passos para recuperar o servidor de e-mail”).
- Inventário de hardware/software (atualizado mensalmente).
- Padronização: Use templates simples (ex.: “Nome do Servidor | Função | Responsável | Última Manutenção”).
Desastre Evitado:
O admin principal sai da empresa de repente. Em vez do caos, a equipe consulta a documentação e descobre em minutos como reiniciar os serviços críticos.
O Verdadeiro Hack:
- Atualize a documentação na hora: Quando algo muda, edite o arquivo antes de fechar o chamado.
Conclusão: TI de Verdade Não Tem Atalhos
O segredo não está na ferramenta da moda, mas em:
✅ Monitorar tudo que importa com o que você já tem.
✅ Automatizar sem depender de licenças caras.
✅ Ter backups independentes e testados religiosamente.
✅ Controlar acessos como um guardião.
✅ Documentar como se não houvesse amanhã.
Pergunta Final:
“Qual desses pilares sua equipe negligencia mais? É aí que mora seu próximo desastre…”
Próximo Nível (100% Seu):
- [ ] Criar um repositório interno de scripts para monitoramento/backup.
- [ ] Agendar um teste de recuperação de desastre no próximo mês.
- [ ] Documentar um serviço crítico por dia até cobrir toda a infra.
Agora é contigo: controle não se delega, se conquista.