MikroTik com Proxy: Limites, Possibilidades e a Solução Profissional

O MikroTik é um excelente roteador. Confiável, estável, altamente configurável. Mas quando o assunto é proxy e controle de conteúdo, é importante entender o que ele realmente pode oferecer — e onde ele precisa de apoio externo para alcançar resultados profissionais.

Este post traz um comparativo real entre o Web Proxy embutido do MikroTik e uma solução com proxy externo (como o Squid). Explicações diretas, com comandos prontos para aplicar e decisões baseadas em prática de campo.


O Web Proxy Embutido do MikroTik

Sim, o MikroTik possui um Web Proxy interno que pode ser ativado para controle de tráfego HTTP. Ele funciona para bloqueios simples e pode ser suficiente em redes menores ou para situações pontuais.

Funcionalidades disponíveis:

  • Bloqueio de domínios via ACL
  • Redirecionamento de HTTP (porta 80)
  • Fácil de configurar

Limitações técnicas:

  • Não intercepta HTTPS (porta 443)
  • Sem autenticação por usuário ou IP
  • Cache muito limitado
  • Sem relatórios detalhados ou logs avançados

Exemplo de configuração:

/ip proxy
set enabled=yes port=8080

/ip proxy access
add dst-host=facebook.com action=deny
add dst-host=*.facebook.com action=deny
add dst-host=youtube.com action=deny
add dst-host=*.youtube.com action=deny

Redirecionamento do tráfego HTTP:

/ip firewall nat
add chain=dstnat protocol=tcp dst-port=80 action=redirect to-ports=8080

Essa configuração cobre o básico. Mas tráfego HTTPS continua passando sem qualquer controle.


Proxy Externo: Quando o Controle Precisa Ser Profissional

Ao usar um proxy externo como o Squid, o cenário muda completamente. É possível aplicar bloqueios em HTTP e HTTPS, criar autenticação, gerar logs detalhados e muito mais.

Recursos disponíveis:

  • Suporte completo a HTTP e HTTPS (com ou sem inspeção)
  • Blacklists por domínio e palavras-chave
  • Autenticação por IP, MAC, login ou horário
  • Logs completos e relatórios (SARG, Lightsquid, etc.)
  • Cache de páginas e arquivos com controle granular

Redirecionando o tráfego do MikroTik para o proxy:

/ip firewall nat
add chain=dstnat protocol=tcp dst-port=80 action=dst-nat to-addresses=192.168.1.2 to-ports=3128

Essa regra direciona o tráfego HTTP para o proxy Squid. Para HTTPS, o proxy deve estar configurado em modo explícito no navegador (ou ser usado com SSL Bump).


Entendendo o HTTPS

HTTPS é criptografado de ponta a ponta. Nenhum proxy consegue “ver” o conteúdo sem atuar como intermediário confiável. Para isso, é necessário:

  1. Configurar o proxy como interceptador SSL (SSL Bump)
  2. Utilizar um certificado raiz instalado nas estações

Sem isso, o proxy apenas túnela o HTTPS sem visibilidade do conteúdo — o que ainda permite bloqueios por SNI (nome do servidor).


Performance e Banda

Ao usar um proxy externo, a velocidade de navegação passa a depender da banda entre o cliente e o servidor proxy:

  • Proxy na mesma rede local: sem impacto significativo
  • Proxy em nuvem: limitações conforme o link de internet do cliente e do servidor

Modo explícito no navegador ou interceptação por NAT — ambos compartilham essa característica.


Comparativo Resumido

RecursoMikroTik Proxy InternoSquid (Proxy Externo)
Bloqueio HTTPSimSim
Bloqueio HTTPSNãoSim (com SSL Bump)
Cache de ConteúdoBásicoAvançado
AutenticaçãoNãoSim
RelatóriosNãoSim
EscalabilidadeLimitadaAlta
Facilidade de ConfiguraçãoMédiaRequer conhecimento técnico

Conclusão

O Web Proxy do MikroTik atende a casos simples — ideal para redes pequenas, uso pontual ou soluções com baixa exigência de controle.

Mas para empresas, provedores, escolas, instituições públicas ou qualquer cliente que precise controle real sobre o que entra e sai da rede, a solução ideal passa por um proxy externo profissional.

A boa notícia: o MikroTik pode integrar-se perfeitamente a esse ambiente, fazendo o redirecionamento de tráfego e gerenciando o acesso com toda sua robustez.

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